domingo, julho 17, 2011

Livro: De que lado você está? De André Ebner.

Livro: De que lado você está? De André Ebner.



Resenha. Por: Alexandre de Freitas.
De que lado você está?
André Ebner, meio que despretensioso, mandou bem neste livro que brota do meio do povo com expressões de uma literatura de periferia que pensa, reage e produz os mais honestos e sinceros conhecimentos.
Não existe estilo que possa definir a arte. Ela é simplesmente (ou complexamente?) a Arte. Ela vem à mente e se manifesta de forma implacável numa sociedade injusta que produz seus excluídos. É uma voz que grita. Fazendo lembrar aquelas palavras do grande poeta paraibano, Augusto dos Anjos, porque o grito se alia a todos os anseios gemebundos daqueles que não são percebidos.
Constanta-se estas manifestações de arte quando André Ebner fala sobre a morte do seu Zé, mendigo e maltrapilho, mais fazia a alegria da garotada.Bêbedo e fedido, porém com uma dignidade comprovada nos seus sorrisos. A vida de sofrimento de seu Zé, ser humano como eu, você e muitos não foi nada fácil. Que o diga, se pudesse falar, um poodle de madame, animal que a elite cuida com zelo no seu mundo de opulência e vive melhor que o seu Zé.
O livro se sintetiza num constante vai-e-vem das palavras cuja ternura permeia nas linhas e nas entrelinhas, a ponto de uma única página ser ocupada por um poema de poucas palavras – três! Foram as palavras usadas para compor O poema mais bonito do mundo:
Eu te amo.
Gente, rostos, tesouros, caminhos e shopping Centers presentes aqui e ali, em constantes arranjos que nos levam a raciocinar. E comprovam que o poema na primeira pessoa por estarmos representando é o mais verdadeiro.
Quisera prosseguir... mas, nem tudo se explica por palavras. Ao ler o livro, a sensibilidade e a percepção haverão de dar maiores e mais completas explicações.
Obs.: toda renda do livro será destinada ao pagamento dos custos da impressão e ao Projeto Cre-ser. Ou seja, o livro não visa lucro.

sábado, julho 09, 2011

FANTI NAS RUAS DO CENTRO

By: Ivonverine Dj

Menino Juan


Menino Juan

É infelizmente o luto se faz presente de novo, isto é, nem sei se ela tinha ido embora, sei lá, aquele nó na garganta, uma sensação de impotência, aquela coisa de se sentir com as mãos amarradas. Será que não bastou o massacre de Realengo? Estamos massacrados também, por dentro, na esperança, na crença por justiça!

Dessa vez claro que é diferente, mas não é menos dolorosa, a dor é imensa, principalmente pra família que perdeu seu ente querido, o menino Juan, 11 anos de idade, estudante, uma criança pobre de periferia, negra, frágil, julgada e executada simplesmente por ser ela mesma, por ser estereotipada é eliminada sem mais nem menos por tiros de fuzil, disparados por bandidos abrigados e incentivados sob a chancela e um estado criminoso.

Agentes policiais que já sofreram processos e que deveriam estar minimamente com prisão preventiva decretadas por praticarem atos criminosos dentro da corporação, estão nas ruas soltos impunemente, fazendo a segurança da população, que coisa irônica, na verdade estão praticando incursões desregradas nas favelas e ocasionando essas barbáries.

Não é clichê, mas o seguinte é que pagamos impostos para receber benefícios em troca por parte do Estado, saúde, educação, moradia, lazer, entre outras coisas das quais estamos carecas de saber e o que recebemos em nossas casas é a dor, a tristeza, a desilusão de receber num caixão lacrado o corpo do filho, que ficou dias desaparecido, jogado em um lugar qualquer.

Que sistema maldito é esse que vivemos? Como aceitar isso assim do nada? Não dá, não dá! São os ladrões de sonhos, de vida, exterminadores da esperança, um braço do sistema que age em nossas comunidades de forma eficaz. Quantos “Juans” é preciso pra eles se saciarem, quantos que não passaram na mídia e ficou por isso mesmo?

É a falha que nos empurra ao abismo da impunidade, dos habeas-corpo, dos advogados de defesa de assassinos, isso por que não foi com os filhos deles, foi pessoas da favela, da baixada, da periferia, contudo outra família perde a razão de viver, a razão de ser, perde tudo, até a própria identidade com o sistema de proteção à testemunha, o que é na verdade um confisco de sua liberdade, enquanto os assassinos estão a solta, a vítima fica escondida temendo por sua própria vida.

Não são os quatro suspeitos que tem culpa, e sim todo um sistema nefasto de justiça privilegiada, punindo o meliante com expulsão da corporação e não com a justiça comum, como deveria ser. É toda uma gama que por simples conveniência acobertam crimes e mais crimes já pensando em ocorrências, a lei da mão que lava a outra e assim o ciclo continua. Salve Juan, menino guerreiro, não será em vão não, e ninguém aqui vai esquecer, fica ai com Deus viu! E os assassinos aqui infelizmente só Deus sabe! Luto!

Por Fanti

domingo, julho 03, 2011

E TUDO SE ACABOU


Acabou a vida de monstro, de psicopata, de sociopata, de morto vivo, acabou a zombaria dos vizinhos, o esculacho da polícia, as fugas da clinica de reabilitação, os maus tratos, as bitucas apagadas no corpo, as porradas, os banhos frios, acabou a abstinência.
E tudo se acabou. Acabou a dor, a angústia, a tristeza, as incertezas, o preconceito, a indiferença, a mazela, a seqüela, o desprezo. Acabou as noites em claro de Dona Aninha. As visitas no D.P, as incursões na cracolândia, as incertas no terreno da Petrobrás atrás de seu filho, os xingamentos nas biqueiras, acabou tanta desilusão e medo.
Acabou a correria por um trocado, as esmolas, a vontade de se prostituir por droga, acabou a razão de viver, acabou o sonho e o pesadelo real. E de uma ponte, um viaduto qualquer que seja um salto foi efetuado, uma queda para o alto, é estranho falar isso, certamente não foi uma queda e sim um voo sem asas, um vôo pra longe dos problemas, pra longe dessa vida insana que o impreguinava, para o infinito, para o descanso eterno.
Tudo se acabou, até esse texto, porém, só não acabou o sofrimento de Dona Aninha.

Por Fanti