quarta-feira, setembro 09, 2009

Heliópolis sitiada

O sentimento infelizmente é de revolta, de luto e de inconformismo, mais uma vez a historia se repete e emplaca nossa comunidade nos noticiários. O que eles querem de verdade da gente? Já não basta o extermínio de pretos e pobres favelados, já não basta essa política assassina de segurança publica, ou seja, de limpeza social, agora seus revolveres são apontados para nossas crianças, talvez queiram cortar o mal pela raiz mesmo!

Vão fazendo o que bem entendem conosco. Matando, matando e matando, só neste ano aqui em Heliópolis quatro pessoas inocente foram baleadas por policiais, sendo que três delas eram menores de idade.

Em junho passado, após um incidente numa quermesse. A polícia abriu fogo contra a multidão, baleando pelo menos duas pessoas, uma moça de maior e um menor de idade, esse último veio a falecer no local. No mês de julho, depois de uma suposta perseguição e troca de tiros dentro da favela, uma menina de 7 anos foi baleada em frente de sua casa enquanto brincava numa quarta feira as 19 h. Disparo efetuado por policial da ROCAM, fato esse que ocasionou um forte protesto da população, chegando à um principio de tentativa de linchamento para com o policial, que foi resguardado por moradores da própria comunidade, detalhe que a chaves da moto foi confiscada e devolvida só depois de muita negociação.

Infelizmente a rotina se repetiu, mais uma vez, a estupidez, ignorância e imprudência se fizeram presente. O fato é que houve um assalto em São Caetano do Sul, que faz divisa com a favela de Heliópolis, dois elementos supostamente daqui, roubaram um carro e deram fuga pra cá perseguidos pela guarda civil metropolitana, de São Caetano do Sul.

Pelo fator de jurisdição eles não poderiam entrar no município de São Paulo, mas o fizeram, outro erro é que o policial envolvido na perseguição tinha sido expulso da policia militar de São Paulo e contratado pela GCM do município, parece mentira, mas não é!

Pra piorar os meliantes entrou em fuga na favela, com os policiais atrás dando tiros a reveria, como se fosse num safári, o resultado infelizmente todos já sabem! Mais uma pessoa inocente baleada.

Uma moradora, uma mãe, uma filha, uma jovem sonhadora de dezessete anos, alvejada mortalmente na cabeça, sem chance pra nada, nada!

O que se fazer agora? Quem consola a dor dessa família? Sonhos foram escorrendo num espesso liquido vermelho, que cobria o asfalto quente. Era o fim de tudo e o começo da revolta. O estopim. Uma vida ceifada a gosto do que?

Em volta d tanta opressão e violência o povo se rebelou e foi pra rua sim, extravasar a dor reprimida, a dor do alheio e com reações adversas. O que se sucedeu no dia 1 de setembro de 09 foi inevitável, não tem receita pra protesto, simplesmente acontece é tipo uma revolução. A rua é um espaço democrático e virou um campo de batalha.

Tiros de borracha e de verdade eram disparados, bombas de efeito moral de gás de pimenta completavam a cena caótica recheada de pauladas entre outras barbaridades, ônibus, carros e lixeiras ardiam em brasa. O senso de revolução é oposto ao senso de propriedade, muitas pessoas da comunidade, discordaram do protesto por causa da queima de veículos por ser uma propriedade, com razão ou não! Mas se não vamos pra rua, o que vai se fazer?

Ficamos sentados esperando a próxima vitima da impunidade? Protesto sem revolta não é protesto é passeata com dia e hora marcada, não estou fazendo apologia de nada, apenas fazendo uma observação. O povo cansou de humilhação, de opressão, de ser considerado um nada, pagamos o salário dos policiais pra nos proteger e não nos exterminar.

É o nosso direito e ninguém pode nega, tão pouco a mídia, com sua total parcialidade e com o seu showzinho a parte que todos viram. Cadeia neles! Assassinos! Em nome de Ana Cristina de Macedo de toda sua família e de toda comunidade de Heliópolis, “TAMO JUNTO” e inconformados.

Solidários a Capão Redondo, Paraisópolis, Favela do Tiquatira, Rocinha e a todos que resistem a opressão do sistema.

É tipo o palestino tacando pedra no exercito de Israel.


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